Amar é ter alguém que nos aceite tal como nós somos
O amor não se quantifica. Não se mede. Não sou mais apaixonada porque telefono mais vezes. Não sou mais dedicada porque o levo ás urgências do hospital sempre que ele espirra. Porque assim como há mil e uma maneiras de ser gente, há outras tantas mil de amar.
Confunde-se tudo. Paixão com amor. Amor com tesão. E depois não compreendemos porque ele não desmaia sempre que nos vê, ou se excita sempre que nos toca. Porque foi a um jantar de amigos em vez de ficar em casa agarradinho no sofá a ver um filme. Porque falhou aquele convite para sair por causa do trabalho... E não tarda nada, estamos a cobrar falta de atenção e amor a quem provavelmente transborda dele.
A paixão é a fase que antecede o amor. É a fase da cegueira completa. Do fazer coisas absurdas e despropositadas, loucas e divertidas, insano ou perversas. É o estado que tal como o álcool nos desinibe, levando-nos a fazer qualquer coisa pela conquista. Vivemos anestesiados que de outra forma não teríamos coragem sequer de avançar. Aqui somos todos idênticos: parvos, tolos, doidos incendiados pela paixão. Mas quando vem o amor, o nosso jeito de ser toma conta de nós pouco a pouco. Regressamos a terra e de pés pousados no chão, começamos a recuperar o poder sobre nós como quem sai de uma longa ressaca.
É preciso explicar às pessoas que amar não é nada disto. Que amar é um sentimento tão nobre que poucos o experimentam. Poucos sabem o que significa. Porque amar tem sabedoria. Tem aprendizagem. Tem sacrificio. Porque amar vem de dentro e exprime-se no oposto da paixão. É um deixar voar sem perder de vista; é andar excitado só de o ver feliz; é a preocupação constante com tudo o que o rodeia sem invadir sua privacidade; é estar perto mesmo estando longe...
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