Como se namorava há 50 anos?
O que se transformou da serenata ao Fabebook?
Há 50 anos o namoro tinha como objetivo o casamento e a formação da família.
Havia uma ordem muito clara de que todos deveriam se casar e quem não o fizesse ficava para "tio/a", algo socialmente reprovável.
A ideia do amor era mais romântica, expressa nas músicas, nos filmes...
O namoro de hoje nem sempre desemboca no casamento, é muito mais focado no prazer que no dever.
Não se pode comparar o namoro de hoje e o de ontem em termos de compromisso.
As relações, que se tornaram mais líquidas, passaram a ser o tema de exposição.
Tudo vira notícia. E a notícia passa a ser mais importante que a própria relação.
Antigamente as pessoas "andavam" namorando e hoje namoram "andando"? Há diferenças?
"Andar" tem um significado mais sexual, talvez com menos compromisso, tampouco fidelidade. Podes "andar" com muitas pessoas ao mesmo tempo. E quando a relação começa a exigir mais, quando começa a envolver mais afeto e inteligência para se relacionarem, é comum mudar o canal e passar para outro.
De "andar" em "andar" aumenta o despreparo para qualquer tipo de aprofundamento.
O conceito de namorar e "andar" mudou ao longo do tempo? Isso muda as relações entre os namorados ou pretendentes a namorados?
Não se usa mais a palavra promiscuidade, que caiu em desuso.
Antigamente era preciso conhecer bem a outra pessoa para ter relações sexuais. Hoje o sexo não significa muita coisa.
E como o sexo ficou mais fácil, acaba, muitas vezes, ocupando o lugar do afeto.
Hoje tudo é mais rápido. Além disso, as redes sociais dão a impressão de que tens milhares de opções e, por isso, aumenta o grau de exigência.
Parece que, qualquer que seja a escolha feita, pode ser que haja alguém melhor, ou que não seja a escolha mais adequada.
Mesmo quando terminas uma relação, é famosa a frase “A fila anda”, como se sempre houvesse uma fila de pretendentes.
Neste sentido, se dá mais valor à quantidade do que à qualidade das relações.
Aumentou a liberdade sexual.
A virgindade não é mais um tabu, tampouco a sexualidade.
Falta de responsabilidade, falta de compromisso, falta de perspectiva, acomodação, passividade, falta de contato com a realidade. Tudo isso leva o indivíduo à uma vida superficial, baseada em valores inconsistentes.
Antigamente as pessoas eram mais corajosas para o envolvimento, tinham mais consideração pelo outro, porém mas eram mais pautadas pelo que devia ser do que pelo que realmente queriam. Hoje se tem mais liberdade, mais autenticidade, porém menos comprometimento e menos crescimento pessoal.
Aqueles que dizem levar a vida muito bem sozinhos, algo me diz que, por trás deste modo de viver, existe muito medo e falta de habilidade para se relacionar.
- Sofia Faria